Opinião | A equipa da Serie A à 13.ª jornada

Se muitos esperavam por mais um campeonato fácil para a Juventus, essa não foi uma realidade no primeiro terço de Serie A. De facto, a Vecchia Signora tem dado de si aqui ou ali, enquanto Nápoles e Roma começaram fortes, aliás, como é seu apanágio. Em termos de novidades nesta edição 2017/2018, saúda-se o regresso do Inter à corrida pelo scudetto e as grandes campanhas protagonizadas por Lazio e Sampdoria. Negativamente, salienta-se o flop que representa o Milan de Vincenzo Montella e a ausência de pontos (friso, à 13.ª jornada!) por parte do Benevento, recém-promovido.

No meio de uma disputa deveras interessante, na generalidade dos patamares da tabela, muitos têm sido os jogadores a sobressair. Ao longo deste artigo, apresento aquela que será a equipa da competição, até ao momento.

Guarda-redes: Samir Handanovič (Inter)

Ao longo dos anos, Handanovič tem vindo a mostrar, de forma consistente (primeiro, na Udinese e, nas última seis temporadas, no Inter) toda a sua qualidade – uma qualidade que se evidencia especialmente entre os postes, mas igualmente quando toca a sair de entre eles. Não obstante, no meio do apagão Nerazzurro, as suas performances vinham sendo algo desvalorizadas (até porque sofria bastantes golos, o que, no entanto, tinha mais a ver, como se subentende, com a fragilidade da defesa do que propriamente com o seu valor). Contudo, desde agosto, com a turma de Milão dirigida pelo histórico Luciano Spalletti a carburar como já não se via há muito tempo, o veterano guardião eslovaco – conta com 33 anos – começa, finalmente, a ver os frutos do seu trabalho, tendo evoluído para um patamar ainda mais elevado e tendo já ganho vários pontos com defesas extasiantes, a que se alia um bom desempenho coletivo, fator que agora enfatiza a qualidade das suas prestações.

Totalista na Serie A até ao momento, leva 6 jogos sem sofrer golos, um dos quais no sempre sufocante San Paolo. Promete ser, mais uma vez, um dos jogadores do ano em Itália.

Defesa: Danilo D’Ambrosio (Inter)

A Samir Handanovič segue-se Danilo D’Ambrosio como mais um atleta do Inter no conjunto de jogadores que apresento. Fortíssimo no desarme e apresentando bons argumentos no que se refere à capacidade de cruzamento, tem sido titular indiscutível no lado direito da segunda melhor defesa da prova (a par do Nápoles). No Giuseppe Meazza desde 2013/2014, foi preciso chegar Spalletti para se conseguir afirmar.

Praticamente totalista na Serie A (não jogou apenas 5 minutos em 1.170 de competição) até esta altura, regista 1 golo e 2 assistências. A continuar nesta excelente forma, João Cancelo poderá ter a titularidade na posição em causa tapada, pelo menos, para o resto da temporada.

Defesa: Milan Škriniar (Inter)

Sai mais um interista. Alguém perguntou se havia sido a melhor contratação da temporada por Itália? Então, eu respondo sim. Que jogador, senhoras e senhores! Costuma-se dizer que o barato sai caro. Analogamente, mais vale investir uma quantia mais elevada num atleta em que se crê profundamente do que a terça parte dessa quantia em três jogadores que, depois, não oferecessem quaisquer garantias. Muitos não o saberão, mas Škriniar custou nada mais nada menos que 24 milhões de euros, depositados nos cofres da Sampdoria no último verão. Foi chegar, ver e vencer. Uma mais-valia na distribuição, refletida na fiabilidade dos seus passes, o internacional eslovaco por 7 vezes de apenas 22 anos junta um bom jogo aéreo a um sentido posicional exímio que lhe permitem ganhar muitos duelos, por vezes, em zonas delicadas do terreno, o que o torna num autêntico pronto-socorro quando algum companheiro se desleixa.

Totalista na Serie A, leva 2 golos na competição. A percentagem de passes certos de 91,3% (segundo dados do portal WhoScored), aspeto ao qual já fiz referência, assume-se como outro fator interessante nas suas prestações.

Defesa: Kalidou Koulibaly (Nápoles)

Extremamente potenciado pelo modelo de Sarri, o defesa central Koulibaly é o único jogador napolitano a aparecer neste onze. Combinando um grande à vontade com a bola nos pés com um físico que o faz ganhar quase todos os duelos, é o esteio da defesa do líder do campeonato italiano e um dos pêndulos da equipa. Muito fiável, raramente compromete e tem realizado uma temporada de altíssimo nível.

À 13.ª jornada, conta com 12 jogos realizados, tendo falhado apenas um e por lesão. À semelhança do rival Skriniar, conta com 2 golos na liga, a que acresce 1 assistência, evidentemente nota de destaque para um jogador que atua numa zona tão recuada do terreno, e 92,3% de precisão de passe.

Defesa: Aleksandar Kolarov (Roma)

Àqueles que diziam que estava acabado, Kolarov pede-lhes: «Olhem para mim agora!». Vindo do City, onde perdeu todo o espaço, o internacional sérvio tem protagonizado um início de temporada absolutamente arrebatador. Fez logo a diferença na primeira jornada, na qual garantiu uma vitória por 1-0 à Roma no terreno da Atalanta, na sequência de um livre direto. Para além disso, tem estado especialmente assertivo na defesa. Os adversários que se cuidem…

Participou em 11 dos 12 jogos dos Giallorossi (que têm um jogo a menos), registando a simpática marca de 2 golos e 2 assistências.

Médio: Sergej Milinković-Savić (Lazio)

Não é que a seleção espanhola peque por falta de talento, mas Milinković-Savić, nascido em terras castelhanas, apesar de sérvio, poderia dar um jeitaço no futuro à Roja. Com 22 anos, apresenta-se-nos como um dos centrocampistas com maior potencial a nível mundial, destacando-se pela fortíssima condução de bola, pelo bom jogo aéreo e pelo empenho com que luta durante os 90 minutos. Efetivamente, muito do sucesso da Lazio neste primeiro terço de Serie A deve-se a ele. Ah, mais uma coisa… Tem 3 pulmões. Mas não digam a ninguém, que ele pediu-me segredo.

Tendo participado em 11 jogos, leva 2 golos e 1 assistência no campeonato.

Médio: Radja Nainggolan (Roma)

Se Milinković-Savić tem 3 pulmões, Nainggolan terá uns 33. Que jogador absurdo! Fuma e bebe – e é criticado por isso -, mas Eusebio di Francesco não abdica dele por nada. Da minha perspetiva, o internacional belga é, sem sombra de dúvidas, o médio mais underrated do mundo. Arrisco-me a dizer que teria lugar garantido em qualquer equipa. De facto, é um faz-tudo em campo. Defende com tudo, vai buscar forças onde elas parecem não existir para atacar na sequência das muitas recuperações de bola que faz e, de quando em vez, lá sai um charuto ao ângulo, a levantar o Olimpico de Roma.

10 jogos, 3 golos e 2 assistências. Tudo dito.

Médio: Lucas Torreira (Sampdoria)

Confesso que só o descobri na semana passada, aquando da enorme prestação diante da Juventus. No seguimento desse jogo, procurei saber mais sobre ele e cheguei à conclusão de que as estatísticas que apresenta tornam-no, inquestionavelmente, num dos grandes médios do calcio, apesar dos meros 21 anos. Atleta uruguaio, destaca-se pela exímia capacidade de remate de média-longa distância, para além da competência que evidencia no que se refere à destruição do jogo adversário. A manutenção dos padrões de jogo elevados por parte da Sampdoria vai depender, e muito, da sua regularidade ao longo da época.

Não falhou qualquer minuto nos 12 jogos da Sampdoria, o que valoriza ainda mais o seu rendimento. Marcou 3 golos e ofereceu outro, prometendo não se ficar por aqui…

Avançado: Paulo Dybala (Juventus)

La Joya. As prestações fazem jus ao nome. É, muito provavelmente, o melhor jogador a atuar em Itália e a Juventus não andará por lugares mais modestos graças à sua superforma. Fortíssimo em todos os capítulos do processo ofensivo – bola parada, finalização, último passe – é o jogador que acende as luzes do jogo Bianconero. É certo que já está num grande clube, mas não se pode censurá-lo se aspirar a voos ainda mais altos. Estou absolutamente convencido de que manterá o nível apresentado até ao momento, tornando-se cada vez mais equacionável a sua entrada na luta pelo prémio de melhor jogador do mundo, algo que não estará tão longe de se verificar quanto isso.

Esteve em campo em todos os jogos da Juventus, ainda que tenha saído do banco em 3 ocasiões. 12 golos e 2 assistências. World Class.

Avançado: Ciro Immobile (Lazio)

A realizar, aos 27 anos, aquela que é, seguramente, a melhor época da sua carreira, tem sido o principal protagonista, a par de Milinković-Savić, das excelentes performances da Lazio. Conjuga uma capacidade de cabeceamento notável com um enorme altruísmo (que se consubstancia no número de assistências que leva no campeonato) – algo nem sempre visto num ponta de lança, ávido de golos -, para além da tranquilidade na finalização. Quando um ponta de lança tem golo, tudo está bem e harmonioso à sua volta. Isso tem acontecido com Immobile. Será interessante ver como reagirá quando chegar a uma fase menos goleadora (sim, essa fase vai chegar; é impossível um avançado manter este ritmo, a menos que estejamos a falar de jogadores como Messi, Ronaldo, Suárez ou Neymar).

15 golos em 12 jogos, o que se reflete na assustadora média superior a 1 golo por jogo, e notáveis 6 assistências. São estes os números de Immobile decorrido um terço de Serie A.

Avançado: Mauro Icardi (Inter)

Possivelmente, o melhor ponta de lança do campeonato italiano, se tivermos em conta a forma menos exuberante que Gonzalo Higuaín atravessa. Marcou 52% dos golos da sua equipa na liga, até ao momento, percentagem que o torna no jogador mais influente da Europa no que diz respeito à produção ofensiva. É um ponta de lança completa. Tem físico, tem bom jogo de cabeça, tem boa capacidade de finalização e será, a meu ver, um dos mais letais pontas de lança do mundo no contragolpe (o Milan que o diga!). Dando sequência à boa forma que já vem das épocas anteriores, agora, com o coletivo noutro nível, poderá render ainda mais.

Com 1 assistência e 13 golos em 13 jogos, persegue Immobile na lista de melhores marcadores, mas tem igualmente Dybala a morder-lhe os calcanhares. C’è Serie A, até neste domínio!


Fonte: dabancada.com