Opinião | Krovidependência. E Agora?

Foi rotulado de craque que Filip Krovinović chegou, no passado verão, ao Benfica, vindo do Rio Ave. Não tendo integrado, desde logo, as opções de Rui Vitória, fruto de uma hérnia inguinal que forçou o atleta a uma intervenção cirúrgica, o croata não foi sequer inscrito na Liga dos Campeões. Hoje, passados poucos meses, e depois de uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho direito ter sido responsável pelo prematuro final de temporada para o balcânico, poucos seriam aqueles que perspetivariam o exercício de tamanha influência do número 20 na manobra – principalmente ofensiva – das águias.

Com efeito, Krovinović vinha-se mostrando fundamental para a afirmação do 4-3-3 entretanto montado por Rui Vitória, ele que rapidamente passou a assumir grande preponderância na segunda fase de construção encarnada, não só pela intensidade colocada em cada duelo, mas também pela assinalável qualidade técnica e pela combinação-chave entre certeza no passe, mesmo em zonas mais adiantadas do terreno, e criatividade/imaginação.

Se esta análise até se reveste de alguma subjetividade, parece ser corroborada por dados estatísticos. Evidentemente, os 86,6% de passes certos para o meio-campo adversário (dados GoalPoint) consagram o croata como o melhor passador do campeonato luso e, mesmo avançando mais alguns metros, para o último terço, o médio de 22 anos preserva uma percentagem notável de acerto – 84,7%. Para além disso, é um dos centrocampistas dos três grandes que perde menos vezes a posse de bola – apenas em 14,7% das vezes. Estes números explicam, em grande parte, a melhoria da produção ofensiva dos vermelhos e brancos (e da sua rentabilidade) e estão, sem dúvida, na base do melhor Benfica desta temporada, que se deu ao luxo – friso – de deixar um jogador com tamanha categoria de fora das opções para a Liga dos Campeões.

Ontem, Krovimodrić, como lhe chamam, rubricava mais uma excelente exibição, quando, já perto do final do encontro, e num ato de esforço onde se salientou o seu profissionalismo, contraiu a já referida lesão nos ligamentos e que o obriga, agora, a estar de fora por um longo período, ainda indeterminado. Numa época marcada pelos contratempos, pelo deficiente planeamento que se traduziu na construção de um plantel, quiçá, escasso para um clube que quer ser pentacampeão, substituir Krovinović afigura-se, por conseguinte, como o próximo grande desafio de Rui Vitória. Veremos, assim, se o técnico ribatejano volta a mostrar ter mãos para este Ferrari vermelho e se encontra em João Carvalho um substituto à altura de um jogador que se vinha tornando basilar.


FONTE: DABANCADA.COM