Um casmurro chamado Bale

Casmurro, rezingão e aborrecido. Gareth Bale não está feliz em Madrid. Dentro do balneário dos merengues, o clima está de cortar à faca. Com a saída de Cristiano Ronaldo, o galês terá pensado que ia conseguir o espaço que há muito procurava na equipa. Mas enganou-se. Nem sob o comando de Lopetegui ou Solari conseguiu afirmar-se, subir ao lugar que acha (e tem potencial para tal) que pertence.

Nas últimas semanas, ficámos a saber que Bale não fala com os colegas de equipa e quando o faz é em inglês (contou Marcelo). Para alguém que vive em Espanha há seis anos, o esforço de adaptação foi pouco. Não compareceu a um jantar do plantel e deu como desculpa que tinha de estar na cama às 23h00 (revelou Courtois). E a Movida da capital espanhola? No domingo, depois de marcar um penálti, recusou comemorar o tento com Lucas Vásquez (viram todos aqueles que assistiram à partida frente ao Levante).

A um dia do clássico com o Barcelona, o lugar de Bale no onze inicial do Real está, assim, em causa.

Segundo a “Marca” esta terça-feira, o atacante dos merengues não entende por que fica no banco para jogarem Lucas Vásquez e Vinícius. Ou como os adeptos já esqueceram o golo de bicicleta que marcou na final da Champions da época passada. A memória é curta e, por vezes, seletiva.

Dentro da estrutura do Real, há muitos que defendem que Bale deva ser sancionado, afastado do jogo com o Barcelona. Porém, a última palavra será do treinador dos merengues. E aí o galês está com “sorte”.

É pouco provável que Solari, que tem vivido esta época num regime de contenção de danos, vá castigar Bale pelo seu gesto de pouco fair-play com Lucas Vásquez. “Não me interessa como os jogadores celebram os golos, interessa-me que os marquem”, afirmou Solari, na segunda-feira, em declarações ao jornalistas.

Gareth Bale terá, porventura, algumas razões legítimas para se sentir defraudado em Espanha. Mas também algumas culpas a apontar a si mesmo.

Quando chegou ao Real Madrid, recorde-se, o galês era visto por Florentino Pérez como o sucessor de Cristiano Ronaldo. O presidente madridista já dava o internacional português como acabado (ou queria dá-lo como tal) em 2013. Como dita a História do futebol (e as estatísticas do português), Pérez estava galaticamente errado.

Depois, se CR7 “comeu-lhe” espaço dentro do Real, vale a pena recordar o Europeu de 2016. O País de Gales estava a ter a sua melhor prestação histórica na competição... até se cruzar com Portugal nas semi-finais. Bale foi, mais uma vez, rasteirado por Cristiano, caiu na sombra do português. Quem se lembra do galês naquela competição? Muito poucos. Eis aquela que parece ser a sina de Gareth Bale.


FONTE: TribunaExpresso