No calor, deu Braga...

... falta saber no frio. A eliminatória está a meio e, depois de um jogo bem conseguido por parte da equipa de Ricardo Sá Pinto, ficou a dúvida se este foi ou não um bom resultado. Teoricamente, foi positivo, num jogo marcado por muito calor e em que a maior frescura bracarense fez a diferença. Contudo, só Moscovo o dirá, visto que o Spartak será bem mais forte no seu terreno, depois de sair de Portugal vivo - perdeu 1x0 mas, com outra sobriedade, podia ter sido um triunfo maior.

Derretidos antes de lá chegar
Que forno! Que calor! A noite estava quase a cair quando se apitou para o começo do jogo, mas nem parecia, tão altas as temperaturas. Não é esta uma crónica meteorologia, mas descrever o jogo obriga a que se faça esta referência, já que a influência ter-se-á notado em termos físicos (a pressão alta foi rara pelo Braga e praticamente nula pelo Spartak) e também psicológicos - faltaram ideias.

A primeira parte, sem ter sido um deserto de ideias, andou lá perto. Na equipa de Sá Pinto, só a esquerda funcionou, graças a Sequeira e aos irmãos Horta, mas a velocidade de execução permitiu ao adversário anular com relativa facilidade as solicitações a Paulinho (perdido), Fransérgio (desinspirado) e Wilson (distante). Melhorou nos últimos 15 minutos, embora muito curto para conseguir fazer o suficiente para justificar uma vantagem.

Mas era, convém notar, uma desinspiração global. O Spartak também não fez melhor - pudera, a ambientação a um clima diferente não foi fácil - embora tal também tenha tido mérito de um Braga bem organizado e que, mesmo apanhado em contra-ataque, nunca perdeu o sentido defensivo. Schürrle andou pelo bolso de Palhinha e os laivos surgiram apenas de meia distância, com Matheus seguro.

Em teoria, o 0x0 servia mais aos russos. Em teoria, havia maior potencial de ferir o adversário por parte do Braga. Mas era necessário maior corporativismo. Portanto, Fransérgio saiu ao intervalo sem nenhuma surpresa e João Novais entrou.

E que boa mudança! Não no imediato, porque os russos ainda aguentaram bem os primeiros 15 minutos, com algumas demoras de tempo que já faziam prever uma menor frescura. Mas depois...

Energia contagiante
Ao minuto 60, quase de forma imprevisível, mas como verdadeira mola para a equipa, a bancada acordou a empurrar a equipa. Um tónico perfeito, qual despertador, que até parecia indicação de Ricardo Sá Pinto e que foi perfeita para lançar a última meia hora.

Horta e Novais ambientaram-se um ao outro e trataram de impulsionar o resto que faltava. Quase sempre pela esquerda, seria pela direita que o golo apareceria, num lance que também teve uma boa dose de sorte a premiar um Braga que, de repente, já estava totalmente por cima do adversário.

E por aí continuaria, à procura de mais. O Spartak demorou muito a reencontrar-se e os minhotos, mais frescos, mantiveram a toada, sem que mais espaço existisse (os russos mantiveram a estratégia), embora com um discernimento mais elevado. Apesar de não ter sido total. Se o fosse, e Paulinho que o diga, mais momentos de felicidade surgiriam.

Mesmo assim, não foi nada mau.


FONTE: Zerozero.pt